MARCOS PINTO
A história dos mártires do Apody se confunde coma própria
história da cidade, tais e tantos foram os fatos e episódios que ficaram
amalgamados na memória daquela grei oestana. O século XVIII foi o nosso século de povoamento no
interior, com a criação de capelas e multiplicação de currais de gado. O
processo de colonização do Apody começou pelos idos de 1688, com os sesmeiros Gonçalves Pires de Gurmão e os irmãos
Manoel , Batalzar e João Nogueira.
Em 09 de agosto de 1688 ocorreu o massacre de Balthazar e
João Nogueira, mortos a flechadas, tacapes e bordunas, às margens da lagoa “Apanha-Peixe”,
pelos índios Palins, vindo da fronteira
cearense(Vale do JAGUARIBE)aliados aos Paiacus,indígenas de corso,
afoitos, valentes e teimosos no ataque. Concedidas primeiras “datas” e sesmarias no interior da
capitania, com a finalidade de expandir-se a criação de gado, ocorreu a reação
dos tapuias contra a presença dos coraleiros no sertão por eles habitados .
À medida em que os indígenas iam sendo vencidos pelo Terço
dos Paulistas (Milicias organizadas para o combate ao gentio indígena, oriundas
de São Paulo) eram eles coagidos a se aldearem
nas missões religiosas, como foi o caso dos Tapuias Paiacus do grupo étnico-cultural
Tarairiú, aldeados à abeira da Lagoa do Apody. No dia 10 de janeiro de 1700,
uma terça feira, o padre jesuíta FELIPE BOUREL, alemão de Agripi, fundou a
missão de São João Batista da lagoa do Apody, no local que passou a receber a
denominação de CÓRREGO DA MISSÃO.
No ano de 1709, a aldeia dos Paicuus da lagoa do Apody foi
atacada pelo indígenas Janduís, que apesar
de pertencerem ao mesmo grupo Tarairiu, eram ferrenhos inimigos daqueles
paiacús. No mesmo ataque desferido pelos referidos Janduins, contra os 600 Paiacus aldeados no Apody, aprisionaram
os atacantes 80 indivíduos e mataram 70,
tendo também tomando o Padre Felipe Bourel, sob fechadas, tacapes e bondunas, a
exemplos dos irmão Nogueira
O mártir Felipe Bourel vieira do Colégio da Companhia de
Jesus, na Bahia, na qualidade de missionário. A Respeito do alemão,
dedicou o escritor Dom Domingos de
Loreto Couto, autor do livro DESAGRAVOS DO BRASIL E GLÓRIAS DE PERNAMBUCO,
impresso no ano de 1757, os mais louváveis elogios.
Segundo aquele escritor, o Padre Felipe Bourel teria
ressuscitado uma criança indígenas já sepultada, batizando-a em seguida.
Entregue a criança a sua mãe, teria a mesma vivido mais alguns dias... naquele
ano de 1757, ainda existia na capela de Apody um quadro retratando o episódio
glorioso/MILAGROSO.
O último mártir apodiense repousa na pessoa do coronel Francisco
Pinto, vítima de todo tipo de truculência, acossado por detentores de interesses
espúrios, de atitude marcadas pelo
ferrete da traição e da vilania. Em 10 de maio de 1927 quase teve sua
vida ceifada a golpes de punhal,
empunhados por bando de cangaceiros comandados por Massilon Leite, tendo o mesmo
escapado ileso devido a intercessão do Padre Benedito Alves.
Em 02 de maio de 1934 tombou morto por mercenária. Quando
ouviu-se o único tiro, fatal, sabia-se de onde e de quem partira a ordem da emboscada
que vitimara FRANCISCO PINTO. Os homens inescrupulosos que coordenaram tudo (os
mesmos que trouxeram Lampião e seu bando a estas plagas), quiseram desviar
suspeitas e encobrir sua identidades, através da formosa “queima de arquivo”, mandando-se
o pistoleiro ROLDÃO MAIA, autor do
disparo, por vaqueiros de Benedito =Saldanha, que levaram-no para lugar ermo da
fazenda VÁRZEA GRANDE, onde o mesmo se encontrava fugindo e refugiado, fulminando-o
com vários tiros, enterrando-o ali mesmo. A referida fazenda pertencia a Benedito Saldanha, situando-se às proximidades
da cidade de Limoeiro do Norte-CE.
Naquela noite de 02 de maio de 1934 ouviram-se gritos de
imprecações de medo, ódio, surpresa e desespero da gente apodiense.
FONTE DE PESQUISA: Olavo M. Filho – A MORTE DO PE. FELIPE
BOUREL. Padre Serafim Leite.História da Companhia de Jesus no Brasil, Edgar
Barbosa. – História de Uma Coampanhia. Jornal A Razão – edição de 04 de maio de
1934.
FONTE JORNAL GAZETA DO OESTE, DE 15 DE JANEIRO DE 1995
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